Em uma semana que marca o começo do chamado “recesso branco” do Congresso Nacional, que se estenderá até o final do mês, e com o Judiciário também em período de férias, as atenções na agenda do poder se concentram na agenda do presidente Lula na Europa, e nas negociações de bastidores entre o governo e os líderes do centrão em torno da ocupação de espaços na Esplanada. Em meio à viagem de Lula, o governo aguarda com ansiosa expectativa para saber como será a adesão da população ao programa Desenrola, que se inicia nesta segunda-feira (17).
O primeiro compromisso da extensa agenda do presidente Lula em Bruxelas, na Bélgica, nesta segunda, foi o encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Durante a conversa, o presidente brasileiro disse ter a esperança de concluir um acordo entre o Mercosul e a União Europeia ainda em 2023. De sua parte, Ursula destacou que a aproximação entre os blocos ajudará a Europa a diversificar suas cadeias de abastecimentos.
A presidente da União Europeia falou ainda que espera resolver “o quanto antes” as diferenças que existem entre os dois blocos para dar início a um acordo que, segundo ela, vai “conectar mais nossos povos e empresas”. Na mesma linha, Lula destacou o acordo entre Mercosul e União Europeia “abrirá novos horizontes”, e lembrou que a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e que o comércio entre o país e o bloco poderá ultrapassar, em 2023, a marca de US$ 100 bilhões.
Ainda nesta manhã, o presidente brasileiro participou da sessão de abertura do Fórum Empresarial União Europeia-América Latina, e teve uma reunião com a Primeira-Ministra de Barbados, Mia Mottley. A agenda de Lula segue com um encontro com o Rei dos Belgas, Filipe I, e com o Primeiro-Ministro do Reino da Bélgica, Alexander De Croo, além de uma reunião com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola. No meio da tarde, o presidente participará da abertura da III cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos) com a União Europeia.
Na terça (18), o presidente Lula terá um café da manhã com lideranças de partidos progressistas. Posteriormente, participará da sessão plenária da III Cúpula Celac-EU. No meio da tarde, Lula terá uma reunião com a primeira-ministra do Reino da Dinamarca, Mette Frederiksen. Na quarta (19), antes do seu retorno ao Brasil, Lula concede entrevista coletiva no Hotel Wiltcher's Steigenberger, às 8h30, no horário de Bruxelas.
No Brasil, a equipe econômica do governo acompanha o início da operacionalização do programa Desenrola, com o qual o Palácio do Planalto espera poder beneficiar até 70 milhões de pessoas endividadas e com o nome negativado por meio da renegociação de dívidas. Instituições financeiras credenciadas pelo Banco Central a realizar operações de crédito (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander, Inter e PicPay) começam a oferecer, nesta segunda, a renegociação de dívidas para a Faixa 2 do programa.
A Faixa 2 do programa abrange a população com renda de dois salários mínimos - R$ 2.640 até R$ 20 mil por mês. As dívidas podem ser quitadas nos canais indicados pelos agentes financeiros e poderão ser parceladas, em, no mínimo, 12 prestações. Para poder participar, o beneficiário também precisa ter sido incluído no cadastro de inadimplentes até 31 de dezembro de 2022.
Em meio à expectativa com a adesão da população ao Desenrola, o governo Lula começou a semana com uma inesperada má notícia na área econômica. O Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) referente ao mês de maio, e os dados indicam um recuo de 2,0% na comparação com o mês anterior, com ajuste sazonal. O indicador do BC é considerado uma prévia de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). Em abril, o IBC-Br tinha verificado uma alta de 0,56%.
Por Edu Mota, de Brasília/Bahia Notícias