
Foto: Marcelo Camargo / AgĂȘncia Brasil
O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria, nesta quinta-feira (14), para absolver pela primeira vez um dos réus acusados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Geraldo Filipe da Silva, 27, tinha sido denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da RepĂșblica) sob a acusação de crimes como tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrĂĄtico de Direito e de associação criminosa armada.
Morador de rua que jĂĄ trabalhou como serralheiro, ele ficou preso durante quase 11 meses no Complexo PenitenciĂĄrio da Papuda, no Distrito Federal.
Geraldo foi detido junto ao grupo que depredou as sedes dos trĂȘs Poderes e sempre disse ter chegado aos atos do dia 8 por curiosidade, devido aos helicĂłpteros que sobrevoavam a praça dos TrĂȘs Poderes.
ApĂłs uma advogada que assumiu a defesa de Geraldo de forma voluntĂĄria apontar nĂŁo haver provas de que ele era parte do grupo que defendeu golpe de Estado e destruiu bens pĂșblicos, a prĂłpria PGR voltou atrĂĄs e pediu que ele fosse absolvido.
Votaram pela absolvição de Geraldo os ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, Cristiano Zanin, CĂĄrmen LĂșcia, FlĂĄvio Dino, Dias Toffoli e LuĂs Roberto Barroso.
Ainda faltam votar cinco ministros.
AtĂ© o Ășltimo dia 1Âș, 116 pessoas tinham sido condenadas pelos ataques, com penas que vĂŁo de 3 a 17 anos. A PGR apresentou ao menos 1.400 denĂșncias contra acusados dos ataques golpistas, mas parte deles pode ser beneficiada por acordos de persecução penal, que evitariam julgamentos pelo STF.
"Não hå elementos probatórios suficientes que permitam afirmar que o denunciado uniu-se à massa, aderindo dolosamente aos seus objetivos, com intento de tomada do poder e destruição do Palåcio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal", disse Moraes em seu voto em relação ao morador de rua.
Ao ser preso, Geraldo contou que havia se alimentado em um centro de assistĂȘncia social na Asa Sul (bairro de BrasĂlia) e que se aproximou da multidĂŁo por acaso.
Afirmou ainda vivia havia trĂȘs anos no Distrito Federal, e que tinha saĂdo de Pernambuco apĂłs conseguir um emprĂ©stimo do AuxĂlio Brasil.
Disse em depoimento Ă PolĂcia Federal que, inicialmente, chegou a BrasĂlia porque fugia de uma facção criminosa. Sua defesa nega que isso seja verdade, sob o argumento de que Geraldo tem transtornos mentais e diz ser perseguido tambĂ©m por outras pessoas.
Ao chegar em meio à multidão em frente às sedes dos Poderes, ele foi chamado pelos manifestantes golpistas de infiltrado. Também o chamaram de petista e ameaçaram espancå-lo.
Ouvidos como testemunhas, dois policiais militares confirmaram que Geraldo foi preso após "um grupo de pessoas cercå-lo e agredi-lo". Na ocasião, ele era suspeito de ter participado da destruição de uma viatura da corporação em frente ao Congresso.
Por José Marques | Folhapress