segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Assessora de Carlos Bolsonaro pediu ajuda de auxiliar de Ramagem sobre investigações contra família do ex-presidente


Conversa entre assessora de Carlos Bolsonaro e assessora de Alexandre Ramagem. — Foto: Divulgação/PGR



Uma assessora de Carlos Bolsonaro pediu a uma assessora de Alexandre Ramagem, que foi diretor-geral da Agência Brasileira de Informações (Abin), dados sobre investigações contra familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


A informação consta da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que embasa a operação deflagrada nesta segunda-feira (29) pela Polícia Federal.


Nas mensagens (veja na imagem acima), Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, a assessora de Carlos Bolsonaro, diz a Priscilla Pereira e Silva, assessora de Ramagem, que está precisando muito de uma ajuda e envia dois números de inquéritos que, segundo a mensagem, envolvem o ex-presidente da República e 3 de seus filhos.



Luciana escreveu:


– "Bom diaaaaa Tudo bem?


– Estou precisando muito de uma ajuda"



Na sequência, envia a seguinte mensagem:


–"Delegada PF: Dra. ISABELA MUNIZ FERREIRA - Delegacia da PF Inquéritos Especiais


– Inquéritos: 73.830/73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos)



– Escrivão: Henry Basílio Moura"


Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o pedido de ajuda se referia a investigações que envolveriam o então presidente – identificado, na mensagem, como PR – e filhos dele.


Além desse episódio, as investigações apontam que, em fevereiro de 2020, Ramagem imprimiu informações de inquéritos eleitorais da PF que tinham como alvo políticos do Rio de Janeiro – base política da família Bolsonaro.


Segundo o ministro do STF, as provas colhidas pela PF mostram que os suspeitos usaram a Abin contra adversários e para "'fiscalizar' indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos".


Carlos Bolsonaro fazia parte de 'núcleo político'


A operação desta segunda-feira (29) é um desdobramento da realizada na quinta-feira (25), que teve como alvo Alexandre Ramagem, um amigo próximo da família Bolsonaro que foi chefe da Abin entre julho de 2019 a março de 2022 – quando deixou o posto para se candidatar a deputado federal, posteriormente eleito.


Ambas as operações foram autorizadas por Moraes.


Segundo o ministro, Carlos Bolsonaro e as assessoras Luciana Paula Garcia da Silva Almeida e Priscilla Pereira e Silva eram integrantes do "núcleo político" que, em conjunto com funcionários públicos sob o comando de Ramagem, "monitorou indevidamente 'inimigos políticos' e buscou informações acerca da existência de investigações relacionadas aos filhos" de Bolsonaro durante o mandato do ex-presidente.


Na decisão, Moraes afirmou ainda que as "provas indicam", de forma "significativa", a existência de uma "organização criminosa infiltrada na Abin" e que, segundo a PF, esse grupo uma célula de um grupo ainda maior, que tinha por tarefa realizar "contrainteligência de Estado".


Por Julia Duailibi, Gabriel Croquer /G1