
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/AgĂȘncia Brasil
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou nesta quarta-feira (4) que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) quis criar uma "Abin paralela" no PalĂĄcio do Planalto, com grampos de telefĂŽnicos e criação de dossiĂȘs.
"Houve uma tentativa, no inĂcio, de que o Carlos tentou montar uma 'Abin paralela' para que houvesse grampo de celular, dossiĂȘs feitos. E isso teria criado um atrito. E o nome foi esse, uma Abin paralela", afirmou a deputada durante sessĂŁo da CPMI das Fake News.
A parlamentar foi ouvida nesta terça pelo colegiado que investiga ataques cibernéticos e o uso de perfis falsos para influenciar o resultado das eleiçÔes de 2018, vencidas por Bolsonaro.
A menção Ă "Abin paralela" foi feita pela deputada depois que a relatora da comissĂŁo, deputada LĂdice da Mata (PSB-BA), questionou a convidada sobre quais caminhos seguir na investigação.
Joice afirmou que a informação da suposta agĂȘncia informal foi dada pelo ex-ministro Gustavo Bebianno, homem forte de Bolsonaro na campanha que deixou o cargo em fevereiro, apĂłs fritura pĂșblica pelo Planalto.
"Acho importante tambĂ©m ouvir o ex-ministro Bebianno, que acompanhou muito de perto o modus operandi que se desenrolava dentro desse nĂșcleo de comunicação. Inclusive ele me deu uma informação, e eu estou dando essa informação porque ele falou claramente, com testemunha, e disse que confirmaria Ă CPI", disse.
Depois, a deputada afirmou que o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) também sabia da iniciativa do vereador. Ela declarou ainda que a indicação do diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem Rodrigues, foi feita por Carlos.
"Eu disse que a indicação do comandante da Abin é do Carlos Bolsonaro", afirmou.
Procurado, o Planalto afirmou que não irå se pronunciar sobre as acusaçÔes de Joice. Bebianno ainda não se manifestou.
LĂdice chamou a iniciativa de inconstitucional. "Queria chamar a atenção para a gravidade deste fato, que Ă© inconstitucional e criminoso", afirmou.
Joice tambĂ©m detalhou o que seria uma atuação sistemĂĄtica para a disseminação de fake news, inclusive com o uso de dinheiro pĂșblico. Segundo ela, quatro assessores eram utilizados no "gabinete do Ăłdio" e afirmou que a soma dos salĂĄrios deles e a estrutura empregada gastariam R$ 491 mil em dinheiro pĂșblico por ano.
"As instruçÔes sĂŁo passadas por um grupo, um grupo do 'gabinete do Ăłdio' que tantos dizem que nĂŁo existem. VocĂȘs vĂŁo ver prints de conversas. As mensagens sĂŁo passadas principalmente pelo Eduardo [Bolsonaro] e assessores dele", disse.
Segundo Joice, Carlos e o deputado federal Eduardo sĂŁo os mentores do grupo. "Eduardo estĂĄ envolvido e Ă© um dos lĂderes desse grupo que chamamos de milĂcia digital."
"Carlos e Eduardo são os cabeças, os mentores", disse em outro momento.
Questionado sobre se tinha medo da CPMI, o presidente Bolsonaro negou e chamou Joice de idiota.
"Chance zero. O 'gabinete do ódio' inventaram e alguns idiotas acreditaram. Outros idiotas vão até prestar depoimento como tem um idiota prestando depoimento a esta hora lå", afirmou ele.
A CPMI teve embates entre deputados da ala bolsonarista do PSL e parlamentares da oposição e da ala ligada ao presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE). A deputada Bia Kicis (PSL-DF), chamou as acusaçÔes de Joice de "mimimi".
"Quem estĂĄ escrevendo 'traidora' nas redes agora nĂŁo sĂŁo robĂŽs, sĂŁo indivĂduos, e se a deputada nĂŁo gosta disso, paciĂȘncia, mas Ă© o que o publico acha dela", afirmou.
O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), ex-parlamentar do PSL, chegou a levantar um bolo de aniversĂĄrio.
"Para comemorar um ano do caso Queiroz", afirmou, em referĂȘncia Ă investigação sobre o ex-assessor do senador FlĂĄvio Bolsonaro (RJ), FabrĂcio Queiroz. Frota recebeu vaias e aplausos no plenĂĄrio.
por Angela Boldrini | Folhapress